quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Denominador Comum

É um número m inteiro positivo menor possível e que seja ao mesmo tempo múltiplo entre dois denominadores (a e b).
Encontrar o denominador comum facilita quando efectuamos operações de adição ou subtracção com fracções não equivalentes. Digamos que o denominador é parte determinante de uma fracção, ele “anuncia” o número de partes em que será “decomposta” uma determinada quantidade e o numerador representa quantas parcelas da quantia dividida. Lembro também que uma fracção é uma relação simultânea entre o denominador e o numerador.
Posto isto, vejamos como se encaixam algumas noções.
Porque envolver os homens na promoção da igualdade de género?
Já todos e todas sabemos que (ou pelo menos, creio que sim), que a causa das desigualdades que existem entre homens e mulheres é o facto de insistentemente atribuirmos às diferenças biológicas, como determinante para nossas acções, comportamentos, atitudes, etc. Socialmente e culturalmente somos pré-destinados.
Desde sempre isso causou algumas separações, entre o espaço masculino e o espaço feminino na sociedade. Aconteceu com a divisão sexual do trabalho, aconteceu na política, no mercado de trabalho (espaço publico) e no lar, na comunidade, no bairro (espaço privado). Implicavam assim situações de desigualdade de poder.
Para contornar esta situação, políticas de promoção da mulher são levadas a cabo, dá-se a emancipação da mulher, têm mais acesso à saúde, mais acesso à educação, mais acesso na obtenção de crédito, mais acesso à política. Ainda assim as desigualdades persistem.
Respondendo agora há pergunta feita em cima, o problema centra-se no comportamento das pessoas, nas atitudes, nas mentalidades, na predisposição à mudança dos homens. Há que alterar maneira como os homens encaram primeiro sua masculinidade depois as mulheres e as acções/comportamentos delegadas a elas socialmente. Ele é o tal denominador comum.
Não estou querendo dizer com isso que os homens não assumem a sua masculinidade. Mas sim repensarem sua forma de estar, seus comportamentos e como esses afectam tanto os mesmos quanto outrem.
Desde sua adolescência (eu diria mesmo, desde antes de nascermos) os homens assumem uma masculinidade que lhes é imposta socialmente como hegemónica. São privados de afectividade, atenção, ternura, etc… e são “autorizados” a desenvolverem sentimentos que provoquem ira, agressividade, audácia, prazer, prepotência, (…) Naturalizamos esses comportamentos porque consideramos que os homens tem menos necessidades que as mulheres, não se preocupam com a saúde, são agressivos e violentos natos, enfrentam situações de risco mesmo que isso ponha em causa sua própria integridade física para provarem que são fortes, machos, provedores.
Resulta que os homens pouco se envolvem com o cuidado com eles próprios, com a saúde, prevenção de doenças, estão envolvidos nas maiores taxas de morte por acidente de viação, por suicídio, violência (gangues e formação de quadrilhas), estão envolvidos nas menores taxas de aproveitamento escolar, estão envolvidos nas taxas de maior consumo de álcool e drogas, e poderia ficar aqui horas e horas elencando tantas outras situações onde o homem é o tal denominador comum.
É fundamental que se ultrapasse barreiras impostas socialmente e culturalmente para que desigualdades sociais e económicas diminuem.
É necessário repensar por exemplo a hierarquia nas relações entre homens e mulheres, reflectir sobre as necessidades específicas dos jovens em relação à sua saúde, ao seu processo de socialização, atribuir responsabilidades aos homens em relação aos seus comportamentos e à sua sexualidade e principalmente é necessário um compromisso, uma predisposição à mudança. Isso significa que passarão a reconhecer os direitos de cada um, independentemente de raça, género, classe social, origem étnica, crença religiosa, deficiência física ou mental, idade ou orientação sexual.
Existe hoje uma tendência, um tabu que precisa ser quebrado, “os homens são todos iguais”, ou seja todos potenciais agressores, não cuidam nem de si próprios quanto mais de outrem, irresponsáveis. Essa tendência provoca uma profecia auto-cumpridora.
Os homens têm de ser vistos como aliados e não como obstáculos. Merecem atenção devida, para serem respeitosos, cuidadosos, responsáveis, para “negociarem” através do diálogo e da partilha suas relações com harmonia ao invés da violência.

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