quarta-feira, 28 de julho de 2010

A primeira vez...

Diz-se que a primeira a gente nunca esquece. O primeiro abraço de ternura, o primeiro beijo, a primeira transa, a primeira paixão, o primeiro suspiro, a primeira bebedeira, a primeira ressaca, a primeira viagem…e mais a primeira impressão é que fica!
A minha primeira vez na Assembleia Nacional de Cabo Verde, na Magna-Casa dos legisladores deste país, foi antes de mais um dia histórico. Era a discussão para aprovação da proposta de lei sobre violência baseada no género.
Nunca tinha ido assistir um debate em sessão plenária, acompanhava sempre (algumas vezes) pela rádio e achava aquilo muito chato. Ficavam horas e horas a discutir picuinhas, detalhes que podiam ser ultrapassados se tod@s fizessem seu trabalho de casa, antes de entrar no cerne da questão em causa.
In loco, não me pareceu muito diferente, aliás é bem pior. Que me desculpem @s deputad@s da Nação, mas uma creche é bem mais comportada. Aliás, mais comportada e com um clima leve e de alegria que paira no ar. É que é um barulho infernal, onde se ouvem falam pelos cotovelos, botam piadas em alto e bom som, expõem seus interesses pessoais, isso sem falar do ar pesado.
Como disse acima, minha primeira vez na ANCV foi antes de mais um dia histórico, foi aprovado na generalidade a lei sobre a violência baseada no género. Alguns podem dizer que ainda falta muito caminho para percorrer, não discordo. Mas para esse longo caminho foi preciso este grande passo.
Parabéns aos que trabalharam neste intuito, que acredito terá todo o apoio da sociedade civil.
Perseverança é a palavra…

quinta-feira, 22 de julho de 2010


Pergunta: Se vocês tivessem a oportunidade única de encontrar com o Presidente Obama e pudessem fazer duas perguntas, o que lhe perguntariam?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Tradução



“Escrever é traduzir. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua. Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional de signos…a escrita”.

José Saramago

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Intrigante



Creio esta ser uma das perguntas mais recorrentes que ultrapassa gerações e produz as maiores controvérsias: o que é liberdade?

César Schofield e seu projecto UTOPIA, representa sua noção de liberdade com três momentos, os quais ele denomina de: Raíz, Seiva e Pólen. Todos enquadrados a uma conjuntura, eu diria, histórica, politica, social e religiosa.

Foi uma discussão que despertou em mim vários sentimentos. Ouvir argumentos do que é ser livre, á primeira vista parece maçante, mas não…chega a ser desafiador, incómoda mesmo. E confesso que necessitava de uma inquietação, para que no mínimo possa cair numa crise existencial, por exemplo. Ainda meio indigesto, pelo que vi e ouvi, realço outra pergunta: Existem níveis de liberdade? É possível quantificar a liberdade?

Mais não digo. Que venham mais UtOpIaS. Acredito que ficou muita coisa para ser dita, e isso já é um bom estimulante. Felicitações aos envolvidos no projecto.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Quem são...?



35 Anos se passaram da independência de Cabo Verde. Ainda jovem mas, maduro o suficiente para enfrentar os desafios que se avizinham. Para chegar até aqui os contornos foram muitos...começou como uma luta armada, estando vários intervenientes envolvidos, liderados por Amilcar Cabral. Pergunta: quem são esses intervenientes? Por onde andam? O que pensam (pensavam)? Eles (elas) são reconhecidos? As nossas crianças (adolescentes) conhecem quem são os "agentes da liberdade"?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A primeira de muitas...



Por muito tempo esperei por este momento. Fazer a travessia de barco São Vicente/Sto.Antão, e poder “confirmar” que Sto.Antão não é uma extensão de da ilha do Monte Cara. E mais, poder ver Mindelo de longe, do lado de cá. É deveras memorável.
A viagem foi tranquila, eu diria. Senti-me estonteado, mas não “mariei”. Para não arriscar abdiquei da viagem na parte de cima do navio, que certamente deverá ser inesquecível. Quedei-me na parte interior do bar, no aconchego das poltronas e sempre “vigiado” por uma simpática assistente. Acho que estava escrito na minha testa “passageiro de 1ª viagem, passando mal”. E lutando com uma ansiedade enorme de subir lá em cima e poder desfrutar da brisa marítima.
A estadia foi curta, alias curtíssima. Deu para ver o movimento (algum) por conta da festa de San Jon. Deu pra ver as gentes, os sorrisos, os olhares, conversar com pessoas que têm um sentido de humor incrível. Nada lhes aborrece. Sinto um tanto quanto uma angustia por ficar do lado de cá das montanhas. Parece que estamos numa peça de teatro, onde as montanhas são as cortinas e por trás escondem uma magnitude impressionante, que nos reserva um panorama, um encanto mágico de deixar qualquer um de boca aberta.
Não vou falar de trabalho. Só um pequeno comentário de uma frase que ouvi: “é preciso que os jovens caboverdian@s descubram Cabo Verde”. De facto, temos várias opções de intercâmbio, se quisermos falar do nosso país, se quisermos promover a língua, as artes, a cultura, o turismo, temos que descobrir Cabo Verde.
Final de tarde teve direito a tambor de San Jon na recint, sem faltar um groguinha numa feira de produtos artesenais agro-pecuária.
À noite tocatina, muito animada, muita conversa com gente nova, algumas cervejas, risadas e toca a dormir porque logo mais faço a travessia de volta…
Um gostinho de quero mais...muito mais!!!

Diário de Viagem (III)



El Salvador, 9 de Setembro de 2009 – 08h:09 hora local

Hoje aprendi que uma bebida típica de Honduras é feita de à base de cana-de-açucar, utiliza-se o mesmo processo para se fazer Grogu, mas o mais curioso é nome da bebida, Guaro. Bem semelhante, não!?

Salvador, ou melhor San Salvador é uma cidade tipicamente latina, ou seja contempla tudo o que caracteriza uma cidade latino-americana. Uma multidão nas ruas, nos centros históricos, construções imponentes, igrejas, catedrais com estórias intensamente vividas, praças, monumentos, muito movimento, muito comércio ambulante,etc…
Logo no primeiro dia que saí com Hector (chileno) e Nestor (salvadorenho), que trabalham no Centro Bartolomé de Las Casas, visitei o Palácio Nacional (hoje transformado em museu), a primeira Catedral, a Praça da Liberdade, a igreja matriz, e mais algumas praças e igrejas que já não me recordo os nomes. Cada um dos lugares frequentados fiquei com a forte sensação da existência de uma identidade enorme presente entre os lugares a historia daquela cidade, ou mesmo daquele país. Pairava no ar uma certa fascinação.
O Palácio do Governo, já serviu de “Casa do Governo” ditador, hoje é um enorme museu imponente no centro histórico da cidade, bem em frente a uma também enorme praça, onde as pessoas se encontram, conversam, ao som de uma mistura de musica, sons dos carros, sons dos vendedores ambulantes, etc..
A primeira Catedral, que é por acaso relativamente nova, tem uma história amarga, tocante. Arrisco a dizer que devido à forte presença religiosa, católica por assim dizer, e também devido as guerras nos países latino americanos, todas as igrejas, catedrais têm uma história semelhante.
Nos anos 70, quando começam as primeiras manifestações contra o regime ditatorial, acontece uma passeata pelo centro histórico da cidade. Inicialmente, uma manifestação pacifica, de populares que reivindicavam seus direitos. Quando os manifestantes chegam à Praça da Liberdade (ironia), o exército começa a disparar contra a população indefesa. A população desesperada se refugia na Igreja El Rosario (a Catedral). Conseguem recuperar alguns corpos de pessoas que tinham sido atingidas pelas balas do exército, levando-lhes para dentro da igreja. Aí ficam por algumas horas, sem poder sair, receando o exército que se encontra do lado de fora aguardando a saída dos manifestantes.
Sem saída, tiveram que enterrar seus companheiros (21 pessoas entre mulheres e homens), aí mesmo dentro da igreja. Só vieram a ser descobertos muito tempo depois os cadáveres, mas aí permanecem sepultados até hoje.
A igreja El Rosario, durante anos a igreja passou por várias reformas, primeiro devido a terramotos, segundo para obedecer os preceitos do Vaticano. Uma disposição redonda, com uma abóbada representando desta forma um sentido não-hierárquico, no qual as decisões são tomadas em consenso, em circulo.
Em frente à igreja, a Praça Liberdade, aqui os governos “empossados” faziam sua “apresentação” ao público e depois seguiam para a igreja para uma cerimónia sagrada. Para a benção divina.
Curiosamente, depois do massacre com os populares, nunca mais um governo celebrou qualquer cerimónia quer na praça, quer na igreja.
A Igreja Matriz (a Metropolitana), também tem uma história envolvente e dramática. Oscar Romero é parte integrante desta história. Mas voltarei com mais detalhes.