quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Exuberante


"Music is Afro-Beat...Afro-Beat is Music" - Tony Allen

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Hipocrisismos

Acabo de receber via email várias mensagens de estudantes cabo-verdian@s indignad@s com uma tal reportagem que a REDE GLOBO, no seu programa Fantástico, exibiu sobre as “Mulas do Tráfico”. Sim a Rede Globo não é flor que se cheire, como se diz por aí, portanto podemos esperar tudo. O país também talvez não seja exemplo, mas vamos ao que interessa…

É sempre doloroso assistir a reportagens dessas com olhares de fora. A reportagem aborda o drama dessas pessoas que vivem numa situação de praticamente miséria (na sua maioria mulheres), que aceitam tudo para darem um outro destino à família que deixam para trás. A meu ver, tirando uma ou outra desinformação em relação a alguns dados, infelizmente a reportagem mostra a mais pura realidade de Cabo Verde.

O que é curioso é que sempre que alguém com esse olhar de fora aborda os problemas que nós caboverdian@s enfrentamos, simultaneamente parece que surge uma onda de patriotismo exacerbado (o mesmo que não surge em outras ocasiões), que nos une de uma forma mágica, batemos no peito e dizemos, somos pobres mas somos felizes, não venham cá denegrir a nossa imagem. Nós não aceitamos de bom grado que alguém fale mal do nosso querido país da morabeza (qual morabeza?). Preferimos que falem do nosso turismo (que turismo!?), que falem da nossa cultura (qual!?), que falem da nossa qualidade de vida, acesso e condições eximias de saúde, segurança publica e educação (onde?), dos nossos jovens (que são a maioria neste país) devidamente empregados ao alcance das oportunidades (sim, pois…!) do paraíso que é Cabo Verde (ah pois paraíso…para alguns,né!).
Muitas dessas pessoas vivem em condições a roçar a precariedade, vivem com cerca de 8.000$00 mensais (as vezes até menos), fazem uma contabilidade à vida que até hoje não sei como conseguem sobreviver.

Então que me desculpem os mais sensíveis, mas vamos deixar de ser hipócritas e tapar o sol com a peneira sobre o que se passa neste país. É chegada a hora de pararmos de “vender” um país que existe só aos nossos olhos.

Primeiro ano

Um ano de indirectas e directas. Um ano de subtilezas de desabafos. Um ano de partilha e de sentimentos. Um ano de maresias e turbulências. Um ano de promessas e desleixo. Um ano de blog.

Confesso que queria ter mais tempo para o blog, para a escrita diária ou alternada. Também queria ter mais tempo para fazer “n” coisas. Enquanto alguns só agora preferem ser observadores, creio que eu prefiro ser um observador. Mas lembrando-me de uma dica de um amigo, a dinâmica de um blog é isso mesmo, às vezes “produzimos” outras não. Lembrando outro amigo, é um espaço “meu, escrevo o que eu quiser, quando quiser…”

Aqueles que por aqui passaram, deixo um abraço e um beijão.

Que venha mais um ano de directas e indirectas.


Imagem:internet



terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mix


Praça Cruz de Papa. Uma mistura de sons, cheiros, olhares e gostos.
Crianças brincam, pulam, correm, saltam, deslizam, dão risadas de dar inveja, choram, gritam. Cada uma no seu melhor.
Umas desfilam seus melhores brinquedos enormes carros, telecomandados, bonecas gigantes falantes, provocando ciúmes em outras. Outras nem por isso, estão lá para se divertirem. Fazem fila para andar de baloiço e escorregas.
Tudo isso entre um comer de pipocas, algodões-doce, gelados etc.

Os adolescentes também marcam presença. É o ponto de encontro de alguns namoricos. As meninas passeiam, caminham sempre juntas, cochichando, rindo, fazem poses para registar o momento que saem de casa “arrumadinhas” para deixarem os rapazes inquietos, eu diria. Os rapazes também não se fazem de rogados exibem seus telefones móveis de ultima geração, o ténis acabado de sair nas montras, o penteado que viram fulano e sicrano usar na TV. Também temos os adolescentes que simplesmente vão saciar seus vícios cibernéticos, praticar um pouco de violão, ler um livro.
São livres. Parecem alienados ao que se passa a volta deles.

Os adultos, esses parecem transmitir com seus olhares e seus comportamentos, um saudosismo “agudo”: “Ah no meu tempo” ou “ essa época é a melhor da vida, aproveitem”.
Protegem suas crias, estão sempre de olho, ralham, chamam a atenção. Que seja discretamente porque não querem também ser conotados como maus pais, ou más mães. Estão sendo também eles, alvo de olhares críticos, vigiados constantemente se estão a fazer um bom trabalho.

Tudo isto se passa na praça Cruz de Papa, por algumas horas a dinâmica da praça é estonteante, diante de uma paisagem magnífica, a imensidão do mar que vai além do horizonte e um o pôr-do-sol simplesmente sublime.

Aos fins-de-semana e feriados a demanda aumenta por aquele pedacinho mágico de sons, cheiros, olhares e gostos.

Um outro pedacinho mágico precisa-se.