Leio frequentemente o Liberal. Através desse órgão de comunicação fico informada de muitos assuntos que de outra forma não chegariam ao meu conhecimento. Alguns artigos que publicam me fazem reflectir e a estar mais atenta sobre variados aspectos da sociedade cabo-verdiana. Com isto quero dizer que reconheço como meritória a labor informativa que desenvolve este órgão de comunicação. Mas, ontem fiquei perplexa, quase que tão estupefacta que nem dava para reagir. Tenho perante mim o parágrafo da notícia, leio e releio o texto e não consigo compreender, ou melhor dizendo, à perplexidade juntam-se várias emoções, e sinceramente não sei qual delas pesa mais, se a revolta ou a tristeza.
É verdade que são particularmente urgentes novas formas de actuação nas disputas políticas e eleitorais e noutras formas de participação cívica e política. É verdade também que o insulto não é coisa nova, sobretudo nas disputas eleitorais, e sobre todo o insulto às mulheres. É uma prática corrente, é só ir aos arquivos e ver como a nossa admirável Zau foi tratada em várias ocasiões, sem que praticamente se registassem reacções… Agora convenhamos esta é demais. É o sexismo e a discriminação à mulher na sua mais alta e nauseabunda expressão, apesar de que o autor ou autora do artigo, pareceu achar de bom-tom o termo que utilizou: meretriz, que é mesmo que dizer prostituta, mulher de má vida.
O autor ou autora ao utilizar o termo além de incorrer num crime, que deve ser objecto de enquadramento judicial adequado enquanto acto ofensivo e difamatório, comete também um acto manifesto de discriminação social, exercido sobre todas as mulheres e especialmente sobre aquelas que fazem da prostituição uma forma de ganhar a vida. Ele ou ela as coloca no mais baixo patamar da escala social apenas pelo facto de se tratar de mulheres? Mas porque? Será que andar as chapadas, usar a violência física para controlar as pessoas é um recurso apenas utilizado por elas? Será que essa é a sua forma de comunicação? Que quer indicar, qual é a mensagem? Acaso quer restringir a nossa liberdade de circulação? …Ou será simplesmente que achou que o significado da palavra é tão ofensivo, para a mulher a qual foi dirigida e para as mulheres em geral que nos intimidaria para todo e sempre?
Machista no seu pior. Não abonatório para nenhuma força política. Uma tentativa de atacar da forma mais burra à participação das mulheres nos processos de tomada de decisão, de tornar tal presunção num acto socialmente reprovatório. Projecta-se como uma tentativa de degradar, de com uma penada retirar a importante contribuição das mulheres, de todos os sectores sociais na construção da nação cabo-verdiana. Intimidatório dado o contexto pré-eleitoral que estamos vivendo, pois pode ser considerado um aviso a navegação: mulheres não entrem na disputa porque as vamos triturar.
Volto a enfatizar que é verdade que são particularmente urgentes novas formas de actuação nas disputas políticas e eleitorais e noutras formas de participação cívica e política, mas também é verdade que necessariamente estas novas formas de actuação devem passar também pela penalização severa das manifestações ofensivas e vexatórias, que reproduzem e reforçam estereótipos sexistas.
Pela boca morre o peixe. Desde a revisão constitucional de 1999, que a lei magna erige como limite à liberdade de expressão e informação, o dever de não fazer a apologia da discriminação da mulher (Artigo 47º). Neste caso “O Liberal” discrimina, porque subjacente ao termo utilizado encontra-se um preconceito feroz contra as mulheres. Completamente gratuito e desnecessário no contexto do artigo, ofensivo, ultrajante e misógino. A utilização do termo constitui uma manifestação de intimidação e de controlo social.
É verdade que são particularmente urgentes novas formas de actuação nas disputas políticas e eleitorais e noutras formas de participação cívica e política. É verdade também que o insulto não é coisa nova, sobretudo nas disputas eleitorais, e sobre todo o insulto às mulheres. É uma prática corrente, é só ir aos arquivos e ver como a nossa admirável Zau foi tratada em várias ocasiões, sem que praticamente se registassem reacções… Agora convenhamos esta é demais. É o sexismo e a discriminação à mulher na sua mais alta e nauseabunda expressão, apesar de que o autor ou autora do artigo, pareceu achar de bom-tom o termo que utilizou: meretriz, que é mesmo que dizer prostituta, mulher de má vida.
O autor ou autora ao utilizar o termo além de incorrer num crime, que deve ser objecto de enquadramento judicial adequado enquanto acto ofensivo e difamatório, comete também um acto manifesto de discriminação social, exercido sobre todas as mulheres e especialmente sobre aquelas que fazem da prostituição uma forma de ganhar a vida. Ele ou ela as coloca no mais baixo patamar da escala social apenas pelo facto de se tratar de mulheres? Mas porque? Será que andar as chapadas, usar a violência física para controlar as pessoas é um recurso apenas utilizado por elas? Será que essa é a sua forma de comunicação? Que quer indicar, qual é a mensagem? Acaso quer restringir a nossa liberdade de circulação? …Ou será simplesmente que achou que o significado da palavra é tão ofensivo, para a mulher a qual foi dirigida e para as mulheres em geral que nos intimidaria para todo e sempre?
Machista no seu pior. Não abonatório para nenhuma força política. Uma tentativa de atacar da forma mais burra à participação das mulheres nos processos de tomada de decisão, de tornar tal presunção num acto socialmente reprovatório. Projecta-se como uma tentativa de degradar, de com uma penada retirar a importante contribuição das mulheres, de todos os sectores sociais na construção da nação cabo-verdiana. Intimidatório dado o contexto pré-eleitoral que estamos vivendo, pois pode ser considerado um aviso a navegação: mulheres não entrem na disputa porque as vamos triturar.
Volto a enfatizar que é verdade que são particularmente urgentes novas formas de actuação nas disputas políticas e eleitorais e noutras formas de participação cívica e política, mas também é verdade que necessariamente estas novas formas de actuação devem passar também pela penalização severa das manifestações ofensivas e vexatórias, que reproduzem e reforçam estereótipos sexistas.
Pela boca morre o peixe. Desde a revisão constitucional de 1999, que a lei magna erige como limite à liberdade de expressão e informação, o dever de não fazer a apologia da discriminação da mulher (Artigo 47º). Neste caso “O Liberal” discrimina, porque subjacente ao termo utilizado encontra-se um preconceito feroz contra as mulheres. Completamente gratuito e desnecessário no contexto do artigo, ofensivo, ultrajante e misógino. A utilização do termo constitui uma manifestação de intimidação e de controlo social.
Por Maritza Rosabal.