quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Divulgando Campanha




A campanha UNITE to end violence against women lançou um concurso sobre design de t-shirts que tivessem mensagens no sentido de erradicar todas a formas de violência contra as mulheres assim como representar os conceitos de igualdade, não discriminação e respeito.

Soube que tivemos uma candidatura de Cabo Verde, Filomeno Rodrigues (Dudu Rodrigues).

Penso que ele conseguiu reunir os requisitos todos exigidos, de qualquer forma, vale pela iniciativa e esforço.

Vamos apoia-lo, e votar no seu trabalho, é só clicar no link a seguir, e buscar por nome ou região:

http://unitetshirtcompetition.org/es/entries/africa

O trabalho dele é o que tem o titulo: "Be a Shield Against Violence"


Correção: afinal temos mais uma candidatura de Cabo Verde. Uteldino Jorge Furtado. "We are differente, but not unequal"




terça-feira, 27 de setembro de 2011

Eureka


Já sei. Descobri qual é a estratégia de nos deixar sem água e sem luz.
Pensei lá comigo. Segundo as previsões, a tal crise financeira (aquela que alguém disse que nunca chegaria aqui) chegou a Cabo Verde (só agora…!??). Para contornar essa crise há que se fazer de tudo, afinal não queremos ficar sem os nossos “luxos”, nem que para isso teremos que ficar sem luz e água.
Raciocínio: Quando não há luz, ainda mais com este calor, ficamos em casa ou saímos para dar uma voltinha? Saímos para passear não é. É só a movimentação mais do que p normal pela capital nos dias sem luz. Ora para sairmos para uma voltinha é preciso carro (próprio ou táxi), se for próprio, lá vão 1000$00 de combustível, se for táxi no mínimo 500$00. Imaginemos que saímos por exemplo com as crianças, lá vai um gelado, umas pipocas, algodão doce, refrigerantes, uma pizza, etc etc…e se for com @s amig@s, lá vão umas cervejas, umas bafinhas etc etc… tudo isto faz movimentar a nossa economia, já dizia o outro, dinheiro parado é dinheiro morto. Estão a acompanhar?
Poderão dizer: mas quando estamos sem luz, aumentam os assaltos nas ruas. Sim aumentam, afinal o mundo do crime também não pode ficar parado. Hoje assalta aqui, amanhã gasta ali. E assim entramos no ciclo da economia.
Ora não sejamos ingratos. Toda esta situação pela qual estamos a passar é na verdade um sacrifício à estratégia do governo para que não sejamos confrontados com a crise, e sejamos capazes de ultrapassa-la sem nos darmos conta.
Falta o raciocínio da água, creio que deverá ser na mesma lógica, ou qualquer coisa parecida. Mas deixo à vossa imaginação. Eu já fiz a minha parte.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Opressão



Opressão é o efeito negativo experimentado por pessoas que são alvo do exercício cruel do poder numa sociedade ou grupo social. O termo deriva da ideia de ser "esmagado". In Wikipédia.
É nada mais, nada menos do que um desequilíbrio de poder.
Alguém disse-me uma vez que somos oprimid@s e opressores ao mesmo tempo. Vivemos numa constante dinâmica de sermos dominador@s e dominad@s. Muitas das vezes sem nos darmos conta disso, tal é a linha ténue que define esse espaço.

Será que existe uma “fórmula” para contornar esse cenário. Prefiro acreditar que sim, contudo não creio que a tal “fórmula” seja uma constante, seja estática, muito pelo contrário.
Para tal @ oprimid@ tem que ter a noção de desequilíbrio de poder, tem que manifestar o desejo/vontade de lutar contra a opressão sem o intuito de se tornar @ opressor@, levando sempre em consideração que o desejo e a necessidade têm que andar juntos.

Tive contacto pela primeira vez, de forma directa, com a metodologia do Teatro do Oprimido (TO), num WorkShop que aconteceu semana passada, na Cidade da Praia.
A metodologia do TO, talvez possa ser considerada a tal fórmula para contornar uma situação de opressão, para além de provocar reflexão e debate sobre o quotidiano que nos rodeia. Aliás, esse é seu objectivo primordial.
O TO é uma encenação/dramatização teatral que retrata a realidade e suas problemáticas, é uma ferramenta de intervenção comunitária, política e social onde @s participantes provocam uma reflexão do público e uma interacção com o mesmo, buscando sempre uma mudança, ou seja transformar/contornar a situação de opressão.
Mas creio poder acrescentar mais alguma coisa, teatro do oprimido é uma filosofia de vida. Quem faz teatro do oprimido e vê a força e a dinâmica que provoca, não consegue mais ficar indiferente aos problemas que o rodeiam. Tentará através do TO sempre chegar a uma melhor situação.
Porque afinal de contas tod@s somos actores e actrizes de uma encenação teatral. A vida.

Bem-haja ao Teatro do Oprimido, que ganhe força e consistência com @s grupos que acabaram de formar, e que se espalhe por todo Cabo Verde.

Obrigado GTO-LX.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

R.I.P



Aristides Maria Pereira (1923-2011)
Primeiro Presidente da Republica de Cabo Verde

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Identidade Desportiva

A nossa seleção nacional de futebol masculino, os Tubarões Azuis, jogaram no sábado mais uma partida a contar cara qualificação do CAN’12, contra a seleção do Mali.
Em jeito muito resumido, os Tubarões Azuis, entraram no jogo relativamente bem concentrados, buscando conter os intermináveis ataques do adversário, e tentado algumas tímidas ameaças à baliza contrária. Contudo a pressão do adversário foi tanta que Cabo Verde acabou por ceder e sofremos logo de rompante 2 golos, que desmotivam qualquer estratégia montada. Na segunda parte a seleção do Mali digamos que se “conteve”, geriu o jogo, desferiu o golpe final fazendo o terceiro golo e esperou pelo apito final do árbitro para assumir a liderança do grupo.

Mas o propósito deste texto vai noutro sentido.
Questionar quem soube do jogo da nossa seleção? Quem acompanhou pela rádio (visto que TV era impossível) o jogo da nossa seleção? Quem conhece/conhecia os jogadores, o percurso da nossa seleção? Quem são os patrocinadores da nossa seleção? Enfim, as pessoas se identificam com a nossa seleção?

Creio ser urgente uma identificação urgente com os Tubarões Azuis, e outras modalidades desportivas, é chegada a hora de se fazer um trabalho de marketing e publicidade daqueles que vestem a camisa e carregam a bandeira de Cabo Verde. Eu vejo isso não como uma forma de patrocínio financeiro, mas sim como patrocínio moral, motivação, orgulho, compromisso, afecto, respeito, consideração, carinho especial para com esses atletas.

Faz-me muita confusão, embora também seja um acompanhante e torcedor do futebol internacional, ver a nossa televisão pública fazer marketing e publicidade, oferecer viagens e brindes, para assistir os jogos da Liga Portuguesa, promovendo a campeonato além fronteiras. Quando digo TCV, digo outras empresas nacionais. Faz-me confusão sermos torcedores ferrenhos (de clubes estrangeiros até entendo), de seleções estrangeiras, Brasil, Argentina, Portugal, Alemanha, Inglaterra, etc etc…somos capazes de elencar os 23 selecionados dessas seleções e no entanto temos dificuldade em fazer o 11 da nossa seleção.

Creio ter uma resposta (sem presunção). Não nos sentimos identificados com a nossa seleção, com o nosso desporto, porque não fazemos o trabalho de casa bem feito. Continuamos achar que o que vem de fora é que é melhor/bom. Nisso as empresas nacionais reflectem e reproduzem esse conceito. Para elas é impensável investir no desporto cabo-verdiano porque não dá lucro, não compensa. Não as culpo, afinal têm que pensar como empresários que são.

Mas lanço outra pergunta, e a Federação Cabo-verdiana de Futebol? Não deveria estar ela a tentar reverter este cenário, reverter este conceito que insiste em prevalecer por estas bandas!?

Para quem vive, ou já viveu no estrangeiro, sabe que os atletas são apoiados incondicionalmente. Para dar um exemplo que tive mais contacto, no Brasil chega a ser ao mesmo tempo, contagiante, emocionante e irritante a forma como os atletas que representam o Brasil em qualquer modalidade são tratados. Não são nada imparciais quando se trata de representar o país, muito pelo contrário, torcem, xingam, gritam, apoiam, motivam, rasgam elogios, e acima de tudo acreditam. O carinho que as pessoas lhes transmitem, é fruto de um trabalho que os media, principalmente, implementam, fazendo com haja uma espécie de cumplicidade mutua, um respeito e acima de tudo uma identidade.

Há que se criar uma identidade o com desporto cabo-verdiano no geral, tendo em atenção os Tubarões Azuis.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

O Denominador Comum

É um número m inteiro positivo menor possível e que seja ao mesmo tempo múltiplo entre dois denominadores (a e b).
Encontrar o denominador comum facilita quando efectuamos operações de adição ou subtracção com fracções não equivalentes. Digamos que o denominador é parte determinante de uma fracção, ele “anuncia” o número de partes em que será “decomposta” uma determinada quantidade e o numerador representa quantas parcelas da quantia dividida. Lembro também que uma fracção é uma relação simultânea entre o denominador e o numerador.
Posto isto, vejamos como se encaixam algumas noções.
Porque envolver os homens na promoção da igualdade de género?
Já todos e todas sabemos que (ou pelo menos, creio que sim), que a causa das desigualdades que existem entre homens e mulheres é o facto de insistentemente atribuirmos às diferenças biológicas, como determinante para nossas acções, comportamentos, atitudes, etc. Socialmente e culturalmente somos pré-destinados.
Desde sempre isso causou algumas separações, entre o espaço masculino e o espaço feminino na sociedade. Aconteceu com a divisão sexual do trabalho, aconteceu na política, no mercado de trabalho (espaço publico) e no lar, na comunidade, no bairro (espaço privado). Implicavam assim situações de desigualdade de poder.
Para contornar esta situação, políticas de promoção da mulher são levadas a cabo, dá-se a emancipação da mulher, têm mais acesso à saúde, mais acesso à educação, mais acesso na obtenção de crédito, mais acesso à política. Ainda assim as desigualdades persistem.
Respondendo agora há pergunta feita em cima, o problema centra-se no comportamento das pessoas, nas atitudes, nas mentalidades, na predisposição à mudança dos homens. Há que alterar maneira como os homens encaram primeiro sua masculinidade depois as mulheres e as acções/comportamentos delegadas a elas socialmente. Ele é o tal denominador comum.
Não estou querendo dizer com isso que os homens não assumem a sua masculinidade. Mas sim repensarem sua forma de estar, seus comportamentos e como esses afectam tanto os mesmos quanto outrem.
Desde sua adolescência (eu diria mesmo, desde antes de nascermos) os homens assumem uma masculinidade que lhes é imposta socialmente como hegemónica. São privados de afectividade, atenção, ternura, etc… e são “autorizados” a desenvolverem sentimentos que provoquem ira, agressividade, audácia, prazer, prepotência, (…) Naturalizamos esses comportamentos porque consideramos que os homens tem menos necessidades que as mulheres, não se preocupam com a saúde, são agressivos e violentos natos, enfrentam situações de risco mesmo que isso ponha em causa sua própria integridade física para provarem que são fortes, machos, provedores.
Resulta que os homens pouco se envolvem com o cuidado com eles próprios, com a saúde, prevenção de doenças, estão envolvidos nas maiores taxas de morte por acidente de viação, por suicídio, violência (gangues e formação de quadrilhas), estão envolvidos nas menores taxas de aproveitamento escolar, estão envolvidos nas taxas de maior consumo de álcool e drogas, e poderia ficar aqui horas e horas elencando tantas outras situações onde o homem é o tal denominador comum.
É fundamental que se ultrapasse barreiras impostas socialmente e culturalmente para que desigualdades sociais e económicas diminuem.
É necessário repensar por exemplo a hierarquia nas relações entre homens e mulheres, reflectir sobre as necessidades específicas dos jovens em relação à sua saúde, ao seu processo de socialização, atribuir responsabilidades aos homens em relação aos seus comportamentos e à sua sexualidade e principalmente é necessário um compromisso, uma predisposição à mudança. Isso significa que passarão a reconhecer os direitos de cada um, independentemente de raça, género, classe social, origem étnica, crença religiosa, deficiência física ou mental, idade ou orientação sexual.
Existe hoje uma tendência, um tabu que precisa ser quebrado, “os homens são todos iguais”, ou seja todos potenciais agressores, não cuidam nem de si próprios quanto mais de outrem, irresponsáveis. Essa tendência provoca uma profecia auto-cumpridora.
Os homens têm de ser vistos como aliados e não como obstáculos. Merecem atenção devida, para serem respeitosos, cuidadosos, responsáveis, para “negociarem” através do diálogo e da partilha suas relações com harmonia ao invés da violência.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Quem somos?

Temos uma tal necessidade de saber de onde as pessoas são, de que família…”kenha ke bus guentis?”

Não sei se é uma característica comum de ambientes, lugares intimistas, onde as pessoas são próximas, se conhecem umas às outras. Talvez seja isso. Deixo isso para os antropólogos.

Essa necessidade, nos leva a criar juízos de valores e formulamos opiniões desta ou daquela pessoa, conforme sua filiação.

Isto talvez não aconteça somente nesses casos, acontece por exemplo, em relação à posição politico-ideológica da pessoa, da formação académica (ou profissional) da pessoa, de que desporto essa pessoa gosta, o que come, o que veste, etc etc…

Somos imbuídos de pré-conceitos, carregas ideias pré-concebidas das pessoas que estão à nossa volta. Parece que possuímos uma base de dados com informações de todo o tipo. Ao conhecermos uma pessoa, começa logo o processamento de identificar quem é essa pessoa.

Não nos damos ao trabalho, na maioria das vezes, de sequer procurar o misterioso, de descobrir o “tesouro” que é cada ser humano.

Creio que precisamos nos despir de certos preconceitos, carregar apenas o que é positivo, termos alma e coração livres. Estarmos dispostos a nos entregar ao mistério da vida, tocar, ver, sentir, cheirar. Afinal os cinco sentidos que possuímos também servem para isso, para descobrir quem somos.

Impotência

Vive-se assim no país da impunidade.
Falta luz e água e ninguém é responsabilizado por isso.
Políticos corruptos fazem e desfazem e ninguém é responsabilizado por isso. Num país a sério, mais da metade da classe política cabo-verdiana estaria a ver o sol a nascer quadrado.
Pessoas enriquecem como que num passe de mágica, e ninguém é responsabilizado por isso.
Existe tráfico de drogas, tráfico de armas, e quiçá tráfico de influências, e ninguém é responsabilizado por isso.
Existe um “mercado negro” de divisas mesmo em frente ao Banco Central, e ninguém é responsabilizado por isso.
Existem casos e mais casos de nepotismo na administração pública, e ninguém é responsabilizado por isso.
Balas perdidas, assassinatos (para não dizer execuções), assaltos etc etc, são cometidos por jovens. A responsabilidade é das famílias. Elas deviam controlar, elas deviam ter rédea curta com esses marginais. Mas algo não bate certo. Porque será que neste caso, quando nós vemos o produto, o resultado de toda aquela impunidade, quando resolvemos tirar a peneira que nos tapa os olhos (por nossa conveniência), é que resolvemos seguir o caminho mais fácil!? Apontar o dedo á família.
Podia ficar aqui apontando situações várias que faz do conceito morabeza transformar-se em paraíso da impunidade, da corrupção, da máfia, mas creio que já se escreveu muito sobre isso.
A responsabilidade é nossa.