quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra a Mulher




Hoje 25 de Novembro de 2009 assinala-se o Dia Internacional da Eliminação da Violência Contra a Mulher. Data de grande importância para todos aqueles que de alguma forma lutam contra este fenómeno que afecta a todos, homens e mulheres.
Agosto de 2009. A secretária de estado norte-americana Hillary Clinton, visita Cabo Verve e elabora uma lista de aspectos positivos e negativos da situação do país, um dos aspectos negativos da lista, foi o índice alto de violência de género (VG).
A violência contra as mulheres, hoje assume-se como um problema social a nível mundial e não obstante os esforços que têm sido feitos em Cabo Verde, os números são preocupantes. Trabalho esse que também foi alvo de rasgados elogios por parte da secretária de estado norte-americana.
Fiquei com a impressão que a questão da violência de género ficou relegada a segundo plano, senti um certo desinteresse, quando se diz que na verdade o país está bem, só tem níveis elevados de VG. Chega a ser mesmo preocupante.
Valéria Pandjiarjian no seu texto “Os Estereótipos de Género nos Processos Judiciais e Violência Contra a Mulher na Legislação”, afirma que no mundo inteiro de cada cinco dias de falta ao trabalho um é resultante de violência doméstica sofrida por mulheres; se uma mulher é vítima de violência doméstica ela perde a cada cinco anos um ano de vida saudável; o estupro e a violência doméstica são causas significativas de incapacidade e morte de mulheres em idade produtiva, activa, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. A violência contra a mulher implica graves consequências para o desenvolvimento social e económico de um país.
Sendo um problema social, a VG deveria ser tratada como tal, ou seja deveria ser possível quantificar e qualificar suas implicações relacionadas obviamente com a sociedade, politica, economia, cultura, educação e saúde.

Violentar, violar, causar danos, causar sofrimento são termos que, geralmente, podem ser associados à violência. Representa mais do que isso, implica um agressor e uma vítima. Estabelece-se uma relação desigual de poder. Ou seja, a violência consiste em demonstrar, provar, comprovar o poderio do agressor em relação à vítima.
E neste sentido ela pode figurar-se de várias formas, sempre implicando uma desigualdade de poder, por exemplo a violência de género, que ocorre pelo simples facto de existir um género masculino e um género feminino.
A violência de género tem como base a lógica de dominação, de poder, de subordinação. Consiste em dominar todo aquele que é distinto que não se enquadra a essa norma. Essa mesma lógica vem seguindo como um padrão, um exemplo a seguir ao longo da história: o ser humano apodera-se da natureza, os adultos dominam os menores, as raças ditas superiores dominam outras, homens dominam mulheres.
Dessa lógica resulta o modelo patriarcal, que regula de forma desigual as relações de poder entre homens e mulheres em todas as esferas sociais. Como? Através de uma construção sociocultural constituída pretensamente ou “naturalizada”, nas diferenças biológicas entre homens e mulheres. Na sociedade em que vivemos, as relações entre homens e mulheres são socialmente condicionadas, ou até regularizadas, por suas condições económicas, politicas, legais, educativas, sociais, culturais, religiosas. Disto resulta a predominância do género masculino em detrimento do feminino. A relação passa a ser em todos os aspectos da vida pública e privada, assimétrica, disparidade de poder, gerando a violência de género.
A violência de género, justifica na metáfora do patriarcado suas acções, para definir o conjunto de formas de organização social, transpondo sua aplicação familiar. Não é só no seio familiar que o patriarcado está representado, mas sim em todos os níveis: instituições sociais, pensamentos filosóficos, valores éticos, princípios, comportamentos, etc.
Sendo assim, ela produz consequências sociais, quer a nível privado, quer a nível público que geralmente (mas não necessariamente), resulta em aumento da pobreza, baixo aproveitamento escolar, desigualdade de salários, baixas condições de vida etc.
Entretanto a violência de género a nível privado representa outras formas de violência que, digamos são mais visíveis: violência física, abuso sexual, maus tratos, morte. Ocorre maioritariamente em ambientes familiares, nas relações interpessoais, provoca sequelas a todos os níveis, e é mais difícil de combater porque na maioria das vezes a família segue sendo um ambiente “fechado”, no qual “não se mete a colher”.
Existe quer no espaço público quer no privado, uma trama de cumplicidade, tapar o sol com a peneira, face ao fenómeno da violência contra a mulher. Esta situação limita o tratamento de dados quantitativos e qualitativos das implicações relacionadas com a violência.
É fundamental alertar por exemplo sobre o tratamento desigual de género que passa despercebido na nossa sociedade machista e alertar para próprias consequências da VBG. É necessário romper com esta situação, com esta cumplicidade, condescendência social, com este silêncio.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Eu sou Laço Branco



De 6 a 10 de Julho de 2009, um grupo de pessoas motivadas e sensibilizadas com a questão de equidade e género, com forte representação masculina, esteve reunido na Biblioteca Nacional – Praia, Cabo Verde, para a materialização do projecto Laço Branco. Durante cinco dias, os participantes tiveram momentos de puro engajamento e trocas de experiências bastante enriquecedoras. Tudo isto promovido pelo ICIEG (Instituto Caboverdiano para a Igualdade e Equidade de Género) em parceria com a White Ribbon Campaign, com o financiamento do UNIFEM, NEPAD e Cooperação Espanhola. Este projecto tem como objectivo criar e auxiliar o desenvolvimento de uma rede de representantes de instituições e da sociedade civil em geral, engajados no combate à violência baseada no género e na promoção da equidade de género.

A rede pretende agir como difusora e multiplicadora da mensagem Laço Branco contribuindo assim para uma identificação de estratégias de combate à VBG (violência baseada no género) e desta forma transformar o desenvolvimento das relações socio-económicas e politicas no país.
A recém criada rede de homens contra violência de género irá lançar publicamente a Campanha Laço Branco a 4 de Dezembro de 2009. Aguardem.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Corrupção vs Desigualdades Sociais




Chega a ser, no mínimo curioso. No mesmo ano um relatório elaborado pelas Nações Unidas, coloca o Brasil como um dos países lusófonos com maior fosso social. Ou seja, a desigualdade entre ricos e pobres é gritante neste país, segundo o próprio relatório. No entanto, a curiosidade advém do seguinte. Acaba de ser publicado o ranking anual de corrupção elaborado pela Internacional Transparency, e o referido país melhorou cinco posições em relação ao ano passado. Ou seja, o país está menos corrupto.

A taxa de consumo é o critério levado em conta para medir a desigualdade. Pergunta: será que existe alguma co-relação entre o nível de poder de compra e a percepção da corrupção?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Futebol e os Sentidos




Nunca escrevi sobre futebol. Sempre achei que não era necessário, discorrer linhas e linhas, textos e mais textos sobre o desporto-Rei. Mas sim, achei e continuo com a mesma perspectiva, que o futebol deve ser “sentido” com os 5 sentidos e mais um, o coração. Ele mexe com nossas vidas, com nossos brios, com nossas emoções…
Vejamos. Logicamente para assistirmos a um jogo de futebol do nosso querido clube do coração, precisamos dos olhos, os mais “ferenh@s” assistem ao jogo e escutam o relato pela rádio ao mesmo tempo. Os olhos brilham quando vemos um golo do nosso clube, choram de alegria, entristecem, esmorecem, choram de tristeza quando sofremos um golo. É música para os nossos ouvidos, escutarmos um rasgado “é goloooooo” pela rádio. Igualmente é surpreendentemente agradável ir ao estádio e ver com olhos de ver aquela moldura humana, torcendo, gritando, entoando os hinos, poder tocar nas pessoas, abraçar quando se comemora um golo, ter a chance, mínima que seja de conseguir chegar perto e tocar um jogador-ídolo de seu clube, sentir o cheiro da relva, cheiro das pessoas, cheiro a “churrasquinho” na entrada do estádio.
Ganha-se, comemora-se, sente-se fome, sede, vontade de dançar, pular, gritar. Perde-se, perde-se tudo a fome, a sede, a vontade de dançar, de gritar, de pular, os mais exagerados perdem até a vontade de viver.
Esqueci-me do coração? Não! Este está sempre presente. Batendo forte. Ele é capaz de torcer mais que nós próprios, pula pela boca, às vezes resulta em paragem.

Minha gente, futebol é torcer. Sem torcedores, sem sentidos ele não sobrevive. Ele gera massas, desperta rivalidades, mas que sejam elas saudáveis, sem violência. Sem uma boa rivalidade, que graça teria assistir um clássico? Sem as trocas de palavras que geralmente antecedem os grandes clássicos, que graça teria, assistir um clássico, ou mesmo ir a um estádio cheio, lotado?
Digam-me quão agradável é vencer um rival, 1-0, 2-0? Não importa o placar! Importa vencer, importa sentir.

Por isso, meus querid@s, sentem o futebol. Sentem cada momento, cada jogada, cada golo, cada alegria, cada tristeza que ele lhe proporciona.
Que comemorem-se as vitórias, todas elas, e que chorem-se as derrotas. Futebol é isto. Futebol é arte como diria o outro.

E assim...meu blog!!!




A 25 de Janeiro de 1984, deu-se inicio ao que é considerado o maior movimento popular da história do Brasil, “Diretas Já”. O pressuposto era criar um movimento reivindicativo, por eleições directas naquele país. Contudo, a ideia do movimento, já tinha sido lançada em 1983 pelo senador Teotónio Varela. Dai que começaram a aparecer as primeiras manifestações: Março de 1983, Município de Abreu e Lima, Estado Pernambuco; Junho de 1983, Goiânia; Novembro de 1983, Curitiba; Novembro de 1983, São Paulo. O movimento cresce substancialmente e ganha força por todo o país, que vive uma situação de crise económica, altas taxas de inflação e uma profunda recessão.
Momento propício para a mobilização de populares no geral, em conjunto com sindicatos, representantes de distintas cores partidárias, pensamentos políticos, unirem forças no anseio de eleições directas para Presidente da Republica, acabando assim, com a repressão e a ditadura.
As manifestações passam a ser contidas através de uma forte repressão, censuras sobre a imprensa, prisões, violência por parte da polícia, torturas.
O movimento segue por todo o país, sem retroceder perante as repressões. Ganha massa crítica, tem o apoio de artistas e intelectuais engajados pela causa. O regime militar começa a perder “fôlego” e prestigio diante da população. Os próprio militares descontentes com seus salários, devido à situação económica, começam a pressionar seus superiores.
O movimento pelas "Diretas Já" teve grande importância na redemocratização do Brasil, e culmina com a volta do poder civil em 1985, na qual é aprovada uma nova Constituição Federal em 1988, seguida de realização das eleições directas para Presidente da República em 1989.

Numa só voz, pode-se assim dizer, o povo brasileiro se uniu por uma causa. Deixaram de lado cores partidárias diferentes, pensamentos ideológicos distintos. Pôr fim à repressão e à ditadura militar.
Este blog vem propor “unir”, sem pretensão nenhuma, as vozes, as reivindicações, os desejos, as preocupações, as alegrias, do nosso povo, dos nossos cidadãos, por uma causa, que seja. Podia ficar aqui horas e horas, enumerando uma série de reivindicações, de causas que podemos e devemos dar voz.
Ficarei por aqui, porque certamente não vai faltar oportunidade.
Portanto, indirecta ou directamente, seja bem-vindo.